quarta-feira, 29 de abril de 2009

Então me Diz...


É interessante como algumas músicas lembram momentos de nossa vida, como se fossem uma espécie de trilha sonora.
Esta música “Então me diz”, cantada por Simone, foi sucesso no final do ano de 2005; justamente quando eu estava me preparando para deixar a cidade de Campinas, em São Paulo, e voltar para casa, retornar para São João do Sabugi, RN. Era a volta para meu Nordeste.
Naquela época sempre que eu estava arrumando as malas, ou passeando em Campinas, vendo a decoração natalina que ilumina a cidade; era essa música que eu ouvia. E depois de tanto ouvi-la, quando na janela do ônibus eu via as últimas paisagens da exuberante cidade de Campinas, era desta música que eu lembrava: “Então me diz nada é tão triste assim /A vida é boa pra mim /Mais que o normal...”

Anna Jailma

sábado, 25 de abril de 2009

Mas a "Candinha" quer falar...

Pensando bem, a gente deve sentir dó de pessoas assim...
Carolina Ferraz: "Pessoas inteligentes trocam idéias, pessoas medianas comentam fatos e pessoas pequenas e medíocres comentam a vida dos outros ..."

Carolina Dieckmann: "Como diz meu amigo Faustão, todo boato não tem um fundo de verdade, tem um fundo de maldade"


Estive navegando por aí, visitando páginas úteis e até as fúteis da net, que também tem sua utilidade para aqueles dias que a gente quer somente 'passar o tempo'... Depois de entrar e sair em muitos blogs e sites, estive no blog da atriz Carolina Dieckmann e na postagem de ontem, estava a indignação da atriz sobre um 'boato' que saiu numa coluna, dizendo que ela teve um 'piti' com o programa Vídeo Show da Rede Globo...Mas este é apenas o fio da meada do assunto que vou tratar aqui. No texto da atriz ela disse uma frase do Faustão: "todo boato não tem um fundo de verdade, tem um fundo de maldade" e lembrei que na verdade nem somente os famosos são vítimas das "Candinhas" da vida.
Interessante é que as pessoas rotulam as 'cidades pequenas' de palco de fofocas e coisa do tipo, mas fofoca, ninguém se engane: não depende do tamanho da cidade e sim do tamanho da mente das pessoas. E gente da 'mente pequena' existe em todo lugar do mundo, independente do nível intelectual, financeiro, social ou sei lá o quê.
Quem nunca foi vítima de uma fofoca ou comentário maldoso de um vizinho, um colega de escola, um familiar ou até mesmo de uma pessoa que você jurava que era amigo de verdade?!
O 'disse-me-disse' existe em toda parte e para conviver com isso é necessário ter muito jogo de cintura e pos-tu-ra. Particularmente, tenho em mente que somente as pessoas por quem temos respeito e consideração merecem resposta, afinal, se alguém nem é importante pra mim porque perder tempo com 'stress'?!
Há pessoas que vivem uma vida sem ocupações úteis, sem um trabalho que as realize, sem a vivência de um amor recíproco, sem a realização de sonhos e sem a força para sonhar de novo...Pessoas assim sentem-se ocas por dentro, sem motivação e algumas desistem de lutar por uma vida melhor, e fazem uma opção mesquinha de 'viver a vida do outro'. Por isso mesmo, as vezes escolhem alguém, que na verdade elas até admiram, para observar, comentar e até inventar comentários bobos.
Pensando bem, se analisarmos friamente, até sentimos dó de pessoas assim...
Para encerrar, vou deixar uma frase dita pela atriz Carolina Ferraz ( hoje tive veneta de destacar as Carolinas globais...rsrs) na novela Belíssima, da Globo, que deu muito o que falar:
"Pessoas inteligentes trocam idéias, pessoas medianas comentam fatos e pessoas pequenas e medíocres comentam a vida dos outros ..."
A opção é de cada um...

Anna Jailma

terça-feira, 21 de abril de 2009

Veneta de parabenizar Brasília DF

Foto - Fê Pavanello: Brasília, capital do Brasil, faz hoje 49 anos
Céu de Brasília
Flávio Venturini
Composição: Toninho Horta/Fernando Brant

A cidade acalmou logo depois das dez
Nas janelas a fria luz da televisão divertindo as famílias
Saio pela noite andando nas ruas
Lá vou eu pelo ar asas de avião
Me esquecendo da solidão da cidade grande
Do mundo dos homens num vôo maluco
Que eu vou inventando e vôo até ver nascer
O mato, o sol da manhã, as folhas, os rios, o azul
Beleza bonita de ver nada existe como o azul
Sem manchas do céu do Planalto Central
E o horizonte imenso aberto sugerindo mil direções
E eu nem quero saber se foi bebedeira louca ou lucidez


Anna Jailma

sexta-feira, 17 de abril de 2009

A lista de amigos, como vai a sua?

"Faça uma lista de grandes amigos/Quem você mais via há dez anos atrás/Quantos você ainda vê todo dia/Quantos você já não encontra mais..."
(música A Lista - de Oswaldo Montenegro)
Acho que foi porque ouvi a música A Lista, de Oswaldo Montenegro, que me deu veneta de falar sobre amizade. Há quem diga que amizade supera o amor mas eu discordo; até porque se na amizade não existir o amor fraternal, tudo não vai passar de um mero coleguismo, amizade passageira.
Já percebeu quanto mudamos de grupos de amigos durante os ciclos da vida? Na infância construímos as primeiras amizades, geralmente na escola e no círculo familiar. São momentos que marcam para sempre e os amigos da infância, independente de permanecerem perto ou não, sempre vão ser lembrados.
Eu sempre vou lembrar das brincadeiras com bonecas de pano, dos passeios no sítio, das traquinagens nos primeiros anos de escola.
Depois na adolescência, novos amigos surgem. Algumas amizades oriundas da escola, outras poucas que permaneceram da infância e outras de encontros informais em festas ou baladas.
Na adolescência os grupos ou ‘tribos’ se formam e uma amizade puxa a outra. Geralmente é um processo de identificação. Você torna-se amigo de pessoas que imagina ter tudo a ver com você...E na juventude, parte destas amizades permanecem ou a gente imagina que deveriam permanecer, afinal, tinham “tudo a ver com você”.
Mas, novamente o ciclo da vida muda. Somos metamorfose ambulante, como disse Raul Seixas.
Na juventude vem a faculdade, o trabalho, e a cabeça muda, os sonhos são outros, os ideais ganham outros rumos e novos amigos são formados...e o ciclo continua, as mudanças também.
De tudo fica a lição que somente os amigos que persistem, são os verdadeiros. Amigo que é amigo fica feliz com as conquistas do outro e não cria picuinhas, não sente ciúmes de novas amizades e muito menos de novas realizações na vida do outro. Se isso existe, é muito mais um sentimento de posse ou de competição, do que amizade fraternal; amizade verdadeira.
Entre amigos não existe disputa, existe companheirismo. Não existe inveja, existe compartilhamento.
Tenho medo dos amigos que só aparecem quando estamos na pior, assim como tenho muito medo daqueles que só aparecem nos bons momentos da nossa vida.
Amigo que é amigo compartilha da nossa vida nos bons e ruins momentos. Esses sim, continuam sempre na lista como diz Oswaldo Montenegro e no ‘lado esquerdo do peito’, como diz Milton Nascimento.




Anna Jailma

terça-feira, 14 de abril de 2009

Zé Ninguém

Foto Guto: ilustrativa
Imagino que seu nome seja Zé. Simplesmente Zé. Eu o vejo sempre. Nunca conversamos. As pessoas passam por ele e não o vêem. Ninguém enxerga o Zé... O Zé Ninguém. Ele permanece lá, no mesmo lugar. Alto, magro, negro, de cabelos esvoaçantes e brancos.
O Zé tem cabelos brancos, embora sua idade seja, aparentemente, entre 40 e 50 anos...E fico a imaginar: terá filhos, netos, já amou alguém? Será que foi amado por um momento, um segundo... O que fez o Zé parar naquele lugar? Será que a vida lhe pareceu tão dura e árdua, que ele preferiu isolar-se? Ou será que o isolaram?
Talvez, no egoísmo da sociedade moderna, a família o tenha sentido como um fardo e tratado de se livrar do Zé. Como pode alguém viver sozinho, numa praça? É, uma praça! Há árvores, parque infantil, um coreto de arquitetura do início do século XX.
É um lugar bonito, com uma fonte que atrai muitas crianças. Alegres, elas pulam e brincam de um lado para outro, molhando as mãos e salpicando uns aos outros. Falam alto, gritam eufóricas, riem felizes... O Zé as observa como se estivesse resgatando o passado.Como se aquilo não fosse o presente que lhe cerca e sim uma visão dos dias de outrora.
Ele perambula para lá e para cá, sempre com as mesmas roupas e a mesma postura, um ar cansado, como se tivesse trabalhado... trabalhado... até a exaustão. O seu calçado preto, de borracha, não faz barulho ao caminhar, exceto quando pisa nas folhas secas.
Às vezes parece não me ver passar. Outras vezes me olha, como se pensasse em várias perguntas. Não parece disposto a responder às minhas indagações. Ele tem um olhar distante como se enxergasse um mundo diferente do que o cerca. O que será que enxerga o Zé? Provavelmente não entende a pressa desenfreada dos que por ali passam, muito menos o barulho dos carros frenéticos, buzinando incessantemente; dos caminhões que soltam uma fumaça escura e insuportável, das motos que correm contra o tempo.. Vejo isso quando passo... Mas o Zé está estático, com aquele olhar perdido, vendo as crianças no balanço que vai pra lá e pra cá... Caminha lentamente, pisa devagar nas folhagens, deita na grama, toca flauta. Isso mesmo! O Zé toca flauta. Não consigo entender que música ele toca, talvez nem ele saiba...
Ele vive sem televisão, computadores, sem os aparelhos de som e demais itens eletrônicos, tão fundamentais a nossa existência. Acredito que o Zé daria risada disso. Nós, que nos julgamos experientes e capazes, somos tão dependentes da era moderna e de seus acessórios! E de repente o Zé me remete ao Baudelaire: ambos têm aversão a esta ânsia desenfreada pelas máquinas da modernidade. Os dois, Zé e Baudelaire, tão distantes, tão próximos... Consigo imaginá-los batendo papo na praça.
Pela aparente idade do Zé, ele não deve ser aposentado e não tem trabalho. Desempregado... Vida difícil, a do Zé... Será que ele não recebe alguma renda? Eu nunca o vi pedindo dinheiro. Meu Deus, como ele sobrevive?! Será que um dia conseguirá aposentar-se? Não consigo imaginá-lo em filas de banco, estressando-se com o tempo que não passa, o funcionário que conversa no telefone ou com alguém ao lado, enquanto a fila não anda... Ou ainda esperar pela mocinha responsável pelas instruções do caixa eletrônico, que parece perdida diante de tantas dúvidas...
É bem provável que o Zé nem tenha idéia das filas do INSS. Ele conforma-se com as lembranças, com seu mundo interno, aquele que existe distante, onde somente seu pensamento alcança. Este Zé... Na fome, no frio, no calor, sobrevive... Se perguntassem ao Zé aquela pergunta tola que fazemos a todos que conhecemos e até ao nosso espelho, aquela pergunta tão essencial: “O que você faz da vida?”, o Zé, na sua simplicidade, certamente responderia: “Vivo”. Cobramos realização profissional, sucesso, topo, queremos alcançar a felicidade plena, o amor perfeito, os amigos exemplares, a profissão invejável, o melhor carro, uma mansão, belos filhos, família ímpar... E nem sempre estamos em paz... Já o Zé tem uma paz plena que emana de si próprio.
Meados de maio e o outono já é o dono do pedaço no Estado de São Paulo. O mundo fica cinza, frio, vento gelado. Passo na praça e lá está o Zé, de cabelos bem cortados, com a mesma jaqueta e calça preta, em contraste com a camiseta branca. Na praça, há água acumulada em vários pontos, misturando-se às folhas secas; a areia ao redor do parque infantil está escura de tão molhada, não há crianças, nem o sorveteiro e tudo contribui para o ambiente parecer mais frio.
Pensei em trazer uma sopa quente para o Zé e meu olhar o buscou na praça... Naquele fim de tarde, o Zé parece mais feliz: Está num banco da praça e, ao seu lado, uma moça de uns 30 a 35 anos, aparentemente. Ela conversa animadamente, parece lhe explicar alguns fatos, pois suas mãos gesticulam e fazem desenhos com os dedos na água do banco, onde estão sentados. Ela sorri, parece feliz e o Zé nada diz. Balança a cabeça em sinal de afirmação... Quem seria ela? Namorada? Esposa? Filha?
Caminho devagar pela praça e, embora já distante dos dois, continuo pensando naquela imagem: o Zé e uma moça conversando na praça. O que ocorreria após a conversa? Seria, aquele momento, um instante decisivo na vida dele? Ela parecia conhecê-lo e, ao lado deles, havia uma sacola enorme, cheia de roupas. Será que ela teria trazido roupas para o Zé? Ou estaria levando-o dali?
Sigo com minhas suposições e novas perguntas, agora sobre a existência daquela nova personagem, que invade minha história... Nesse mesmo dia, retorno à praça, e o Zé não está lá. Desde aquela tarde, nunca mais o vi... Talvez, um dia, ele volte ao Largo do Pará no centro de Campinas, talvez no próximo outono.


Anna Jailma

Outono






Outono é a estação do renascimento, e para isso, remove folhas sem vida; para que as árvores possam renascer mais fortes e cheias de vida.
Outono remete a vida, a existência de cada um. Quantas vezes precisamos renascer ao longo da vida? Quantas vezes precisamos jogar folhas do nosso cotidiano ao chão e esperar que novas folhas brotem nos galhos?
Outono é aconchego, romance, renovação, renascimento...
Caminhar pelas paisagens do outono é refletir sobre a vida e sentir na pele a metamorfose que cada ser humano carrega dentro de si.
Anna Jailma


Chocolate


Chocolate para curar dor de amor
Chocolate para solidão
Chocolate para comemoração
Chocolate no frio e no calor


Chocolate em toda emoção
Chocolate todos os dias
Chocolate pra curtição
Chocolate, chocolate, chocolate...


Chocolate para vibrar
Chocolate para não chorar
Chocolate para lambuzar


Chocolate do Tim Maia
Chocolate da Garoto
Chocolate, chocolate, chocolate...

Anna Jailma

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Cresci?!

Foto: Imotion
O dilema de transformar-se, crescer, ser eternamente criança e maduro...
Anna Jailma

Cheque-Mate



Sinto-me agora
Jogada mundo à fora
Que ora me enlaça
Ora me degola
Sinto-me descalça
Mala-sem-alça
Quero sumir
Diluir
Ora explodir
Não venha já...
Permaneça distante
Não quero o instante
Do teu olhar
Quero o amor desmedido
Emoções curtidas
Sem tempo perdido
Com promessas idas
Cheque-Mate, de Anna Jailma

Saudade

Foto - Pedro Cavalcante
Navegando por aí prendi o olhar nesta paisagem: um céu dividido entre o azul celeste e o branco das nuvens, que parecem feitas de algodão; uma casa de alpendre, uma árvore que lembra uma oiticica ou faveleira e um pé de flamboyant que faz o vermelho contrastar com o colorido da paisagem.
Imaginei que naquela casa existe uma boa música passando numa radiola antiga e que num canto do alpendre, uma moça se balança numa rede, lendo um livro interessante; provavelmente de Rubem Alves.
A música que ela escuta entra em sintonia com o canto dos pássaros que estão nas árvores e lá da cozinha vem um cheiro da comida feita no fogão à lenha...
É manhã, ainda cedo e já, já, ela vai ouvir a mãe chamando para o café que está na mesa. O pai acabou chegar do roçado e a mesa está pronta: é tapioca, café, leite, cuscuz com ovos, queijo de coalho bem assado, pães trazidos da cidade e assados na manteiga...
De repente percebi que não era minha imaginação, era saudade... Aquela moça, a música, o livro, a rede e o café da manhã já existiram...Estão lá no meu passado, quando eu passava as férias no bangalô do Quixeré que pertencia ao meu pai.
Não é imaginação, é saudade do que se foi, trazida por uma imagem de um lugar desconhecido que vi neste mundo sem fronteiras; que é a internet.


Anna Jailma