terça-feira, 23 de outubro de 2012

A porta

Soneto da Porta 

Lêdo Ivo


Quem bate à minha porta não me busca.
Procura sempre aquele que não sou
e, vulto imóvel atrás de qualquer muro,
é meu sósia ou meu clone, em mim oculto.

Que saiba quem me busca e não me encontra:
sou aquele que está além de mim,
sombra que bebe o sol, angra e laguna
unidos na quimera do horizonte.

Sempre andei me buscando e não me achei:
E ao pôr-do-sol, enquanto espero a vinda
da luz perdida de uma estrela morta,

sinto saudades do que nunca fui,
do que deixei de ser, do que sonhei
e se escondeu de mim atrás da porta.


Postagem Anna Jailma

Bate Papo com Quintana - eu posso!

CONVERSA FIADA 

Mário Quintana


Até mesmo de uma única palavra
Como quando escrevo o teu nome no meio da página
E fico pensando mais ou menos em ti
Porque penso, também, em tantas coisas... em ninhos.
Não sei por que vazios em meio de uma estrada
Deserta...
Penso em súbitos cometas anunciadores de um Mundo Novo
E - imagina! -
Penso em meus primeiros exercícios de álgebra,
Eu que tanto, tanto os odiava...
Eu que naquele tempo vivia dopando-me em cores, flores,
amores,
Nos olhos - flores das menininhas - isso mesmo! O mundo
Era um livro de figuras
Oh! Os meus paladinos, as minhas princesas prisioneiras
em suas altas torres,
Os meus dragões
Horrendos
Mas tão coloridos...
E - já então - o trovoar dos versos de Camões:
"Que o menor mal de todos seja a morte!"
Ah, prometo àqueles meus professores desiludidos
que na próxima vida eu vou ser um grande matemático
Porque a matemática é o único pensamento sem dor...
Prometo, prometo, sim... Estou mentindo? Estou!
Tão bom morrer de amor! E continuar vivendo...

Postagem: Anna Jailma

Passado



As vezes uma música, ou um sonho que invade meu espaço na madrugada, traz de volta o passado. E as vezes este passado vem  colorido, dançando de uma forma mágica e usando um certo encanto, quase feitiço.
Não sei se isto é simplesmente saudade, ou uma vontade maluca de voltar no tempo, levando na bagagem apenas partes importantes do presente...
Mas num sobressalto, percebe-se que o 'agora' é forte o suficiente; para provar que voltar ao passado é mera ilusão.


Anna Jailma

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Mulher




Dizem que a mulher
É o sexo frágil
Mas que mentira
Absurda!
Eu que faço parte
Da rotina de uma delas
Sei que a força
Está com elas...
Vejam como é forte
A que eu conheço
Sua sapiência
Não tem preço
Satisfaz meu ego
Se fingindo submissa
Mas no fundo
Me enfeitiça...
Quando eu chego em casa
À noitinha
Quero uma mulher só minha
Mas prá quem deu luz
Não tem mais jeito
Porque um filho
Quer seu peito...
O outro já reclama
A sua mão
E o outro quer o amor
Que ela tiver
Quatro homens
Dependentes e carentes
Da força da mulher...
Mulher! Mulher!
Do barro
De que você foi gerada
Me veio inspiração
Prá decantar você
Nessa canção...
Mulher! Mulher!
Na escola
Em que você foi
Ensinada
Jamais tirei um 10
Sou forte
Mas não chego
Aos seus pés...


[Erasmo Carlos]

Postagem - Anna Jailma

Amélia é que sabia das coisas...

Um dilema que mais parece uma cruz para se carregar, é a tal dúvida entre ter filhos e dar continuidade a vida profissional.
Em alguns casos, dar plenamente para conseguir realizar as duas coisas, quando antes de ter o filho se encontra a estabilidade financeira e profissional. Mas no meu caso, já estou com 3.7, um filho maravilhoso, que já me pede uma irmãzinha pra brincar; e uma profissão que não me realiza financeiramente.
Como dar uma guinada na profissão e ter outro filho, com esta idade? Deram a mulher o direito de trabalhar fora, mas não tiraram da mulher o dever de conduzir todas as responsabilidades de dona de casa, de doméstica. E a gente se vê tendo que dar conta do trabalho fora, das obrigações domésticas e dos cuidados com o filho.
As vezes, dar vontade de concordar com Amélia. Sendo somente dona de casa, existe mais tempo para os filhos, não é cobrada lá fora e ainda se tem todas as contas pagas pelo marido; sem partilha de dívidas.


Anna Jailma

Eleição ou Leilão?


Estou cansada. No Brasil não existe democracia. Toda eleição é a mesma compra e venda de voto, de todos os lados. E o próprio povo evita fugir disso. Quem ganha, comprou mais. Simples assim. 
Até quando vai permanecer este ciclo vicioso e danoso? Não sei quem temo mais, se é o predador que compra o voto ou a caça que se deixa comprar. 
Também não se pode dizer que é devido a desigualdade social, que acontece a compra e venda de voto. Acho que o 'buraco' é mais embaixo. O problema é a falta de caráter mesmo.
Em todas as classes sociais acontece a venda de votos. A diferença é que o mais pobre vende por uma pequena construção na sua casa e o mais rico vende o voto em troca de uma parceria na sua empresa ou uma colocação bem remunerada para seu filho na Assembléia Legislativa.
Não sei se estou ficando velha ou se é simplesmente canseira. O fato é que já estou deixando de acreditar no potencial do voto e da eleição dita democrática. Estou quase concordando com pessoas que sempre critiquei, estou quase me rendendo ao comodismo de achar que este país não tem jeito. 
É triste, é lamentável, mas contra fatos não se tem argumentos. E o que vemos são fatos que comprovam a falta de compromisso da classe política com o povo; e a falta de interesse do povo em mudar este quadro. Aff. Estou cansada, quase exausta. Talvez na próxima eleição eu me dê ao luxo de simplesmente justificar o voto, passar o dia me divertindo, sem filas, sem stress, sem interesse numa mudança utópica.


Anna Jailma.