segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Simplesmente, Caicó.




Caicó é a primeira luz que vi. Foi aqui que nasci, no Dia de Sant'Ana. Foi em Caicó que casei e foi também aqui que nasceu meu filho. Meu elo com Caicó é profundo. Caicó é o Arco do Triunfo, é a Ilha de Sant'Ana, é o Itans - que para mim nunca vai ter outro nome - é a saborosa mistura de carne de sol, macaxeira e manteiga da terra. Caicó é o som suave dos pífanos da Irmandade do Rosário, dos acordes da Banda de Música Recreio Caicoense, das sanfonas em harmonia com triângulo e zabumba. Caicó é sua gente que faz arte na música, na poesia, na dança, no artesanato.
Caicó é gente suave e forte, de luta e ternura. Caicó é mesclado entre o arcaico - tão bem cantado por Chico César - e o contemporâneo. É a carroça de burro, disputado espaço no trânsito com os automóveis modernos e importados.
Caicó é a leveza do branco nas suas procissões e a força dos pagadores de promessas, descalços. Caicó é povo irmanado na fé. Caicó é, sobretudo, Terra de Sant'Ana.




Anna Jailma.

Foto Esdras

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Antidemocracia gritante!



O popular "carro de som" é insuportável e antidemocrático. Diferente do rádio, da TV, do jornal impresso e da revista - que você escuta/assiste/ler quando quer - o carro de som te obriga a ouvi-lo na hora que ele quer...
Sim, porque não importa se você está dormindo, conversando, no telefone ou qualquer outra coisa. Se o carro de som quiser, você tem que parar e esperar ele passar ou seja, tem que ouvi-lo, mesmo que não queira.
 
E o volume? Nem de longe existe um controle. As vezes você sente até o chão tremer e lei contra a poluição sonora, é uma das mais violadas neste país.

Quando você menos espera, lá veeem...como um trator para os tímpanos e as vezes, dependendo do que transmite, um trator para a sanidade mental.

Mas, pelos nossos representantes, que fazem e desfazem leis, o carro de som é uma maravilha; porque quando os políticos querem "forçar" o povo a ouvi-los, com suas propagandas e qualquer outra ação do âmbito político, sem dúvida, é o carro de som o maior aliado.

E haja paciência. 

Anna Jailma

Conto de Fada



O sapo e a camponesa - Anna Jailma

Era uma vez um sapo, que caiu na água. O rio era lindo, de águas claras. De repente, ele viu um mundinho cor de rosa e imaginou que era um reino encantado...Putz! Entrou! E era a boca de um peixe...Mas uma linda moça estava a beira do rio, assistiu aquela cena, mergulhou na água e nadou com intimidade naquelas águas ( acho que ela sempre nadou por ali...). 

Ela abriu a boca do peixe delicadamente e num impulso de afeto e coragem, beijou o sapo...
De repente um brilho tomou conta do lugar, ela mal podia abrir os olhos, mas quando sentiu que aquele brilho forte havia sumido, abriu os olhos lentamente e...

Não, não era um príncipe! Era um pescador, bronzeado, com uma rede de pescar no ombro. Ele havia sido enfeitiçado pela Mãe D'Água - a Iara - mas o feitiço se desfez e os dois - o pescador e a camponesa, foram felizes para...um passeio pelo campo.

Meu Diário




Ouvindo Tom Jobim cantar "Insensatez", uma das minhas músicas preferidas..."ah insensatez/ que você fez/coração mais sem cuidado..." 

Eu sou uma apaixonada árdua da música e da escrita. Rubem Alves disse que "...cartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel..."

Eu diria que toda a escrita tem esta missão, de unir mãos. É emocionante tocar a escrita, a letra autêntica de quem já partiu. É uma forma de concretizar a emoção, o pensamento, de quem não está mais entre nós. Da mesma forma a música.

Quantas vezes, a música não trouxe para perto quem já partiu ou quem está distante?!
Todo mundo deveria ter uma espécie de "diário" com pensamentos, emoções e citações de ideias ou músicas que gostava...com desenhos, lembranças concretizadas. 

Assim, os seus descendentes teriam uma forma de conhecer e ter por perto, de geração à geração.


Anna Jailma

Gente Felina

Há quem confunda prudência com inércia. Não se engane: quando a fera ataca, já tem avaliado sua presa muito antes. Isso acontece com a serpente, a onça, o cachorro, até o gato...e com o ser humano também. 

Não ouse ferir o outro com a irracionalidade da ganância, do poder ilusório. Isso tudo é tão efêmero... uma fera atacada rebate com força. Talvez você não aguente. 

Não seja insensato. Os insensatos morrem na praia. 


Anna Jailma.

Eu e Rubem

Em 21 de julho 2014 escrevi:


"...Cartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel " Esta foi a primeira frase de Rubem Alves que conheci. O livro chama-se Retorno E Terno. 

Depois desta frase, comecei a ser uma caçadora de seus pensamentos, de sua história. Li crônicas de jornais, outros livros, etc...e numa noite gelada, peguei dois ônibus, sozinha, e atravessei Campinas/SP para conhecê-lo pessoalmente no lançamento de seu livro "Ao Professor, com Carinho", no Shopping Dom Pedro I. 

Havia o risco do evento se estender e eu acabar não conseguindo pegar o segundo ônibus antes das 23h...que era o horário em que se encerrava o horário do coletivo que eu pegava. Mas eu queria conhecer Rubem Alves. E conheci, bebi de sua palestra, flutuei com seus comentários breves, inusitados e infinitamente sábios. 

Eu compartilhei do riso de Rubem Alves. Só fã sabe o significado disso - risos. Nunca vou esquecer de quando ele autografava meu livro, entre uma taça de vinho e uma xícara de café:
  _ Vinho e café? Perguntei. ( não por curiosidade, mas porque queria falar com Rubem Alves) 
_ Gosto dos dois. E você? 
_ Também, mas nunca misturei... 
 _ Experimente. ( disse ele, com um riso de quem sabia tudo da vida.) 

Saí daquele shopping flutuando: tinha assistido palestra de Rubem Alves e ainda tinha trocado algumas palavras com ele. E o ônibus, pelos meus cálculos, iria dar certo...embora já passasse das 21h30. De assalto, eu nem lembrava...Eu era uma fã realizada. Deu certo. 

 No último fim de semana, fiquei sabendo da partida de Rubem Alves. A gente sempre acha que sábios como ele não partem. Eles não morrem, mas partem. 

Com ele tenho uma dívida, ainda não cumprida: experimentar um gole de vinho, com gole de café. ♥

Anna Jailma

Natureza



Se um dia, você decidir olhar a natureza com a mesma franqueza com que ela te olha, finalmente vai enxergar que a felicidade é simples, que as coisas como poder, dinheiro, consideradas "o tudo" pela maioria são, na verdade, "o mínimo". 

Tudo passa. E no fim de tudo, é o amor, o riso, a entrega, a fé, que vai contar, que vai valer a pena.

Quando encaro a natureza, escuto Manoel de Barros cochichando no meu ouvido "eu penso renovar o homem, usando borboletas". Simples assim.


Anna Jailma.

SUR-PRE-SAAAAAA!



O ser humano é uma caixa de surpresa. Alguns nem sabem escolher o que realmente querem para si, são meros estranhos para eles próprios e "metem os pés pelas mãos", agem por impulso, não medem consequências, perdem o foco, querem tudo e de repente, nada mais. Perdem-se dos seus valores, dos seus sonhos, perdem-se dentro de si mesmo. E isto acontece independente da idade, da condição social ou intelectual.

Conheço pessoas humildes, de pouca condição financeira, e muito bem resolvidas, vivendo de uma forma talvez difícil para outros, mas para elas vivem em paz consigo e com o mundo; sentem-se felizes, porque dentro de suas limitações conquistaram o que sonharam e sentem-se realizadas...

Já outros, parecem ter tudo e nada tem, perderam-se nas próprias escolhas, não se conhecem o suficiente para serem fiéis aos seus reais objetivos e sofrem, vivenciam angústias, sentem muitas aflições, as vezes até o sentimento de "vazio" porque na correria do cotidiano, esqueceram de olhar-se, de se conhecer e principalmente, perderam o respeito por si próprio.

O autoconhecimento é a chave para você não somente existir, mas, para verdadeiramente viver. Pense nisso. 


Anna Jailma